Um vendedor de picolé, de 66 anos, foi preso em flagrante por suspeita de manter a esposa, de 30 anos, em cárcere privado por dez anos em Paranaguá, Litoral do Paraná. O homem foi detido pela Polícia Civil do Paraná (PCPR) nessa terça-feira (2).
Em entrevista a repórter Beatriz Frehner da Ric RECORD Curitiba, a delegada da Polícia Civil Maluhá Soares de Miranda Silva disse que foi graças a denúncia da mãe da vítima que o caso foi descoberto.
“Chegando no local, nós reparamos que era uma casa bastante insalubre, sem água encanada no local. Nós então localizamos essa mulher. Ela apresentava um estado de confusão mental muito grande, falava coisas desconexas. Quando perguntávamos para ela se saía de casa, ela dizia que não, porque tinha receio de sair de casa”, explicou.
Como forma de manter a esposa trancada em casa, o vendedor de picolé criou uma narrativa que ela corria “risco de morte” caso deixasse a residência. O homem chegou até a mencionar que ela precisava de um novo documento de identificação, caso contrário, poderia ser presa pela polícia.
“Nós perguntamos se ela tinha autorização para sair de casa sem ele e ela disse que ela tinha medo de sair sem ele. Inclusive ele falou que não tinha necessidade dela sair de casa sem ele. Verificamos com vizinhos, se eles já tinham visto essa mulher, e vizinhos que moram há anos lá, nunca viram essa mulher na rua”, complementou a delegada.
A delegada relatou que até mesmo quando foi acompanhar os policiais à delegacia, a mulher não se sentia confortável em colocar os pés no quintal. Mas após auxílio dos agentes, a vítima foi até a central encontrar a mãe.
Em depoimento à Polícia Civil, a mãe da vítima de cárcere privado relatou que a relação entre o vendedor de picolé e a filha só foi conhecida após o casamento deles.
“Um dia ele chegou e disse que tinha casado com ela, mostrou a certidão de casamento. Ele me pareceu ser uma pessoa boa. Por alguns meses ele foi na minha casa, brincava com a gente”, relatou a mulher.
Mas com o passar dos anos, a mãe e o restante da família perdeu o contato com a vítima e em todas as tentativas de aproximação o suspeito conseguia manter a esposa isolada.
“Várias vezes de eu ir na casa deles, ela dizer que não me conhecia, ele não deixar ela falar comigo. Eu chamava, pedia pelo amor de Deus, venha falar comigo, eu sou sua mãe. Ela dizia que eu não era mãe dela e que ele não queria que ela falasse comigo”, complementou a mulher.
Texto e foto: reprodução/RIC.com.br, com edição NH Notícias